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Alzheimer e o Cuidador: Quando o Cuidador Também Precisa Ser Cuidado

A condição que é comum nas idades mais avançadas também gera necessidade de cuidado nos acompanhantes



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Cuidar de alguém com Alzheimer é um ato de amor. Mas é também um caminho cheio de desafios emocionais, físicos e sociais — especialmente quando a doença evolui e o paciente se torna cada vez mais dependente. Neste cenário, o cuidador, muitas vezes um familiar próximo, passa a ser peça central no dia a dia da pessoa com Alzheimer. E é justamente aí que surge uma pergunta essencial: quem cuida de quem cuida?



O impacto do Alzheimer vai além da memória

A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva, e não se restringe à perda de memória. Afeta a linguagem, a capacidade de se orientar no tempo e no espaço, e até mesmo funções básicas como a marcha ou a deglutição, em estágios mais avançados. À medida que o quadro evolui, o idoso vai se tornando cada vez mais dependente — e o cuidador, mais sobrecarregado.

É comum que esse cuidador experimente sentimentos ambíguos: amor e exaustão, tristeza e culpa, paciência e frustração. Isso porque, além de assistir à perda gradual de uma pessoa querida, ele também precisa reorganizar a própria vida para dar conta de uma rotina exigente — muitas vezes sem apoio ou preparo.


Luto antecipatório e sobrecarga emocional

Segundo estudos na área da psicologia do cuidado, é frequente que os cuidadores desenvolvam um processo chamado luto antecipatório. Isso significa viver a dor da perda aos poucos, mesmo antes da morte física acontecer. Esse luto pode se manifestar por meio da negação, raiva, culpa ou superenvolvimento — afetando diretamente a saúde emocional e a qualidade de vida do cuidador.

Além disso, a convivência diária com um ente querido que já não se comunica como antes, que esquece quem somos ou que repete comportamentos, pode provocar estresse psicológico crônico, ansiedade, depressão e até isolamento social.


O cuidado é uma rede, não um peso individual

É fundamental compreender que o cuidado não deve recair exclusivamente sobre uma pessoa. É necessário fortalecer a rede de apoio — seja entre familiares, amigos, vizinhos ou profissionais de saúde. E mais do que isso: precisamos reconhecer que o cuidador também precisa ser cuidado.

A psicologia tem um papel essencial nesse processo, oferecendo acolhimento, espaço de escuta e estratégias para lidar com o desgaste emocional. A psicoterapia pode ajudar o cuidador a nomear seus sentimentos, encontrar novos sentidos na rotina e construir limites mais saudáveis.


Políticas públicas e olhar coletivo

Com o envelhecimento crescente da população brasileira, pensar em políticas públicas que apoiem não só a pessoa com Alzheimer, mas também o cuidador, é urgente. O cuidado não é apenas uma questão privada — é social, coletiva e exige um olhar mais atento do sistema de saúde.

Afinal, cuidar com qualidade exige estrutura, informação, empatia e suporte. E isso vale para todos os envolvidos.


Se você é cuidador de alguém com Alzheimer, lembre-se: seu cansaço é legítimo. E você também merece acolhimento.

Quer conversar sobre isso? No meu espaço terapêutico, cuido de quem cuida.



 
 
 

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